sábado, 8 de agosto de 2009

Ciloca parte I

por Ricardo Rubens Hein

Cláudia minha filha, você perguntou quem era a Cily de quem tanto ouve falar... então lá vai:
A grande (e gulosa) Cily, ou Ciloca como era chamada quando não estava presente, ou Cecília Bader Hein, foi a segunda esposa do Wilhelm Ernest Hein, viuvo de Anna Van der Meer que se suicidou em Buenos Aires deixando meu avô e o Reine bem nenezinho na maior roubada... como também os outros tres filhos (Willyzinho, o pai da Leny, Ricardo, o meu pai e a tia Winnye, que depois de casada mudou-se para Porto Alegre) e estavam "guardados" com parentes da tia Irene, esposa do tio João, que moravam em Serra Negra (tio João ou tio Hans era irmão do meu avô).

Então a Ciloca era madrasta do seu avô... e portanto minha "avó" postiça... e mais portanto ainda sua "bisavó" postiça...
Quando seu bisavô enviuvou, foi para a Alemanha buscar uma esposa alemã, como mandava a tradição da família...
Não encontrou ninguém disposta a se casar com ele, mudar de vez para o Brasil e cuidar de 4 crianças de outra mulher...
Acabou achando essa esposa em Santa Catarina, uma brasileira que so falava alemão, coisa muito comum nas colônias da época... Filhos e filhas de alemães criadas como se estivessem na Alemanha... A Ciloca jamais conseguiu aprender a falar portugues direito... embora jamais tenha pisado na europa...
Mas a vida dela não foi fácil.
A Winnye (irmã do meu pai), por ser a única menina, tinha que ajudar nas tarefas domésticas. E achava isso uma tremenda injustiça, tipo assim, porque eu ? ? ? E os meninos, não precisam ajudar em nada ? ? ? Isso gerou muito conflito entre as duas, que tiveram um relacionamento eternamente conturbado.
O Reine (pai do Naldo), como passou os primeiros anos de vida em Buenos Aires, chegou ao Brasil falando castelhano... A Cily não entendia bem o portugues... castelhano então, nem pensar... Foi só atrito entre eles a vida toda... (obs- quando a Anna se matou em Buenos Aires, o vô voltou para o Brasil mas deixou o Reine (bem nene) por lá, aos cuidados de uma vizinha que era enfermeira, solteira e não tinha filhos. Ela ficou a cargo do Reine uns tres/quatro anos quando o vô voltou para buscá-lo, trazê-lo ao Brasil, deixá-lo na casa da tia Luiza (irmã do meu vô), ir prá alemanha procurar noiva, voltar sem noiva e arranjar a Ciloca). Então a Ciloca e o Reine não deu muito samba...
O Willyzinho, como mais velho, não aceitava muito bem a situação. Acho que queria a mãe mas que me consta tinha um relacionamento razoável com a Ciloca... Ele ia levando a coisa...
Só meu pai, o bonzinho de plantão, que se dava com com a Ciloca... Aliás meu pai se dava bem com a Ciloca e com a torcida do flamengo e do corinthians juntas... Ele gostava da Ciloca e ficava tentando botar panos quentes nos atritos do Reine e da Winnye. Dai ela so cozinhava o que ele gostava... e os outros ficavam mais putos ainda com ela...
Deu prá se localizar no "quem era quem" na conturbada primeira metade do século passado...

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu me identifiquei com a vó postiça do Ricardo. A Ciloca.
Acho que nem cheguei a conhecê-la. Mas, eu ia gostar de comer torta e tomar café com leite com ela. É meu cardápio preferido também.

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