quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Acervo de Willy Hein - VIII

Pratos de bolo




Estas peças pertencem à minha irmã Regina Hein.

[Antigamente, quando ainda pertenciam à nossa mãe, eram pratos de bolo, usados como tal e guardados no armário. Atualmente foram transformados em "quadros" e estão pendurados na parede do apartamento da minha irmã e seu marido Antonio Borsoi. Passaram de louça a obra de arte].

É dela o texto abaixo:

Os pratos de bolo eram a especialidade do vovô, com suas rosinhas inconfundíveis. E tenho a honra de ter o jogo de prato e pratinhos, em que ele cuidadosamente pintou um H no centro, como um “brasão” da família Hein. Mandei enquadrar todos os pratos e montei um painel na parede da sala de jantar. Um mais lindo que o outro.


Acervo de Willy Hein - VII

Pratos de parede




Estas peças pertencem à minha irmã Regina Hein.

É dela o texto abaixo:

Tenho aqui em casa algumas "obras" de autoria de Willy Ernest Hein, meu avô.

Ele tinha um jeito lindinho de assinar os trabalhos: WHein, sendo que a última haste do W também era a 1ª haste do H. Uma exceção: a maravilhosa aquarela "Funchal" (postada anteriomente) em ele assinou W.E.H.

O prato de parede retratando um possível vilarejo na Alemanha, sempre esteve em um lugar de honra na sala de visita da nossa casa. É possível vê-lo na foto de um almoço em família, em que aparecem os irmãos Reine, Willyzinho e meu pai Ricardo, mais o primo Liscio (de boca cheia).

Acredito que tenha sido pintado especialmente para meus pais, como presente de casamento, porque minha mãe tinha muito ciúme e cuidados com essa obra.


Acervo de Willy Hein - VI

Porta-jóias pintado pelo meu avô:





Esta peça pertence à minha irmã Regina Hein.


É dela o texto abaixo:


As famosas rosinhas e as florzinhas azuis, tipo miosótis, sempre foram a marca registrada do nosso avô...
Sem palavras né?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Liane Hein




(depoimento de Renata Hein)

Tia Liane, irmã do meu pai, minha madrinha querida. Que saudades.


(tia Liane, sua irmã Henny, eu, Mario e meu pai)

Quem conheceu a tia Liane sabe.

Quando ela estava presente todos queriam ficar ao seu redor, porque sua presença era iluminadora e suas palavras inspiradoras. A tia Liane foi a pessoa mais sensata e humana que já conheci. Falava quando tinha algo importante a dizer, senão só observava, e sorria. Tinha uma voz calma e super gostosa de ouvir. Gente, porque era tão bom ouvir a tia Liane falando?

Quem conheceu a tia Liane sabe.

A tia Liane sorria bastante. Mas era um sorriso tímido que passava quase desapercebido. Sorriso meio sapeca, com um jeitinho de menina. Uma pessoa de coração aberto sempre pronta para dar ótimos conselhos (mas só quando requisitados pois NUNCA se metia onde não era chamada). Todos disputando sua atenção. Não sei porque mas nos sentíamos lisonjeados quando o olhar dela era para nós e quando nos dava sua atenção.

Quem conheceu a tia Liane sabe.

A tia Liane casou-se, mas não pôde ter filhos.

Depois de morar muitos anos em um apartamento no Leme (RJ, na Rua Gustavo Sampaio, onde passei muitos Natais e Reveillons e férias da escola) ela e o tio William se mudaram para Niterói (e Dona Ana, sogra dela), numa casa grande, linda (a tia Liane sempre teve MUITO bom gosto).

[Vou imitar minha prima Leny e registrar aqui meu "momento esnobe" - Meu primeiro perfume francês quem deu foi ela. Desde então não quero saber de outra coisa. Minha primeira viagem ao exterior também foi com ela, assim como a primeira vez que vi neve e andei de avião]


Em Niterói, tudo começou muito inocentemente. Ela sempre gostou de animais e eles sempre tiveram um cachorrinho ou outro, mas quando perceberam eram 4 ou 5 cachorros, 2 jabotis e mais de 20 gatos!!! Cada animal tinha um nome e uma história. Quase todos com uma história triste - "encontrei ferido", "estava abandonado", "muito doente", "este escolheu morar aqui", "aquele deixaram na minha porta"...e por aí foi. Fora os cães abandonados que ela alimentava na rua. E a tia Liane cuidava de todos com total dedicação. Fazia panelas e mais panelas de comida fresca para todos. Todos também frequentavam veterinário, eram vacinados e castrados. Converteram a garagem em "gatil", o quintal em canil, alguns felizardos iam para dentro da casa e a partir daí sua vida (e de seu marido - o tio William) foi dedicada aos animais abandonados. Tudo impecavelmente limpo e organizado por ela (à moda Hein) e sempre com muito amor (dava até um ciuminho destes bichinhos sortudos que conviveram tanto com ela).


Quem conheceu a tia Liane sabe.

Depois ela foi morar em Miracema, interior do Rio, de onde veio a família de seu marido que quis se mudar para lá. Levaram todos os bichinhos com eles, e pegaram mais alguns outros. Lá, em frente a casa onde moravam ela plantou uma árvore e continuou se dedicando aos seus bichinhos e ao tio William, que estava muito doente. Tia Liane muito ativa, com aquele corpinho esbelto, aparentava muito menos que sua idade. Nunca a vi como uma senhora de idade. Ficamos tristes quando ela foi para Miracema por causa da distância, mas ela fazia o impossível para estar presente nas datas importantes, viajando horas de ônibus, ou sempre telefonando para bater um papo gostoso. E lá estávamos nós novamente, nos sentindo sortudos e lisojeados por ter recebido um pouco de sua atenção.

Mas quase que de repente ela morreu. Muito cedo.

Quem conheceu a tia Liane sabe.

Na última vez que a vi, lá em Miracema, alguns meses antes de morrer (quando ainda estava ótima de saúde e ninguém imaginava que ela estaria partindo em breve) ela me contou uma história que me marcou. Contou que ficava muito triste porque não conseguia ter nenhuma lembrança de sua mãe, nem mesmo de seu rosto. Ela via fotos (as poucas que tinha) mas não tinha nenhuma lembrança própria, de nenhum gesto ou expressão. Só o rosto da foto. Isto a frustrava muito. Ela tinha sonhos recorrentes que a procurava mas nunca conseguia acha-la ou pensava te-la achado e queria chegar perto e ver seu rosto, mas sempre em vão. (Para que todos entendam melhor, sua mãe - minha avó - morreu quando ela tinha apenas 2 anos de idade, e meu pai, irmão mais velho da tia Liane, tinha 4 anos de idade. A Tia Henny ainda não era nascida, pois foi fruto do 2º casamento do meu avô). Durante esta conversa ela falou muito sobre sua mãe, o quanto sentiu falta de ter tido uma e como queria poder estar frente a frente a ela e olhar para o seu rosto. A Tia Liane já havia me falado sobre sua mãe antes, mas nunca desta maneira. Nesta época a Tia Liane estava frequentando reuniões espíritas e talvez isto tivesse instigado este assunto.
Só sei que esta foi uma da últimas conversas que tive com ela e é uma história que veio a minha mente no momento que eu soube que a tia Liane havia morrido. Pensei nisto o tempo todo durante o seu funeral e penso nisto até hoje. Me ajudou a ficar menos triste com sua partida, pois imagino que finalmente as duas estejam juntas.
Ela merece ter tido este sonho realizado.

Quem conheceu a tia Liane sabe.

Esta é a Tia Liane que eu conheci, e amei.
Renata Hein

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Acervo de Willy Hein - V



Este quadro pertence à minha irmã Regina Hein.
É dela o texto abaixo:

O Funchal é uma obra prima, por ter sido pintado em aquarela. Apresenta detalhes e nuances impossíveis de perceber na foto.

Acervo de Willy Hein - IV



Ricardo Hein escreveu.

Esta tela chamada "Eldorado" é outra paisagem pintada pelo meu avô Willy Hein. Acredito que foi pintada por volta de 1945, pois ele não datou o quadro. Também ganhei de meu pai.
A tela retrata um braço da represa Billings em Eldorado. A casa que aparece à direita é a casa onde moravam tia Marie, irmã de meu avô, e seu marido, tio Franz. No final do canal, vê-se um vilarejo chamado Eldorado (hoje Eldorado é um bairro de Diadema, o "D" da região do ABC em São Paulo.
[momento cultural: a região do ABC, engloba os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema]
Estive algumas vezes nesse lugar quando era pequeno, tipo 7 anos. Ia a maior galera: meu pai, minha mãe, tio Reine, tia Lute, tia Herta, tia Leda e a molecada toda. A gente descia do ônibus em Eldorado, bem no ponto final, onde existia uma "vendinha" xexelenta. Lá a gente comprava leite, pão, queijo e mortadela. Tia Lute sempre levava um bolo e algumas frutas. Depois a gente andava feito uns camelos por uma estradinha de terra, interminável, até a casa da tia Maria. Lembro que era muito muito longe. Mas era divertido. A gente nadava e brincava na "prainha". Duro era andar tudo de novo para voltar prá casa...
Uma curiosidade sobre a tela "Eldorado": um dia perguntei para o vô se aquele barco que aparece à esquerda não era meio estranho. Ele concordou e explicou: o desenho ficou mais cheio de um lado que do outro. Então depois, em seu atelier, resolveu pintar um barco grande, só para dar uma equilibrada no desenho. Mas o único modelo de barco grande (navio não servia) que encontrou em suas referências, foi esse junco chinês. Pô seu Willy... um junco chinês em Eldorado!!!

Acervo de Willy Hein - III


Este quadro pertence à minha irmã Regina.
É dela o texto abaixo:

O Mosteiro da Luz foi pintado sobre quatro azulejos e depois queimado em forno.
Certamente foi um dos últimos quadros que meu avô pintou, porque ele fez especialmente para mim, como presente de casamento. Casei em junho de 70 e vovô morreu em novembro de 71.
Tenho carinho e orgulho desta obra.

Acervo de Willy Hein - II



Essa marina foi pintada pelo meu avô em 1946.
Um dia, disse ao meu avô o quanto gostava deste quadro e ele me contou que o pintou de memória pois era uma imagem, passados quase 40 anos, ainda muito nítida em sua cabeça: o navio que levaria seus pais, seus irmãos e ele próprio (então com 15 anos) para o Brasil, se afastando do porto de Hamburgo, na Alemanha. Disse ainda que enquanto os irmãos menores "descobriam" o navio, ele ficou na popa, olhando fixamente, até a Alemanha sumir no horizonte.
Reparem: realmente parece aquele rastro deixado pelas embarcações...
Uma observação - esse quadro é muito parecido com um outro, bem maior, que ficava na sala de visitas da rua Pelotas e que meu pai, quando mudou de lá, alegando não ter mais onde pendurá-lo, me presenteou. Trata-se da primeira tentativa do meu avô retratar essa lembrança (acredito que, para ele, muito triste) pois esse era datado de 1943 (mas sem muita certeza). Nessa primeira tentativa, as montanhas estavam mais próximas, o mar mais agitado e o céu mais carregado. Dois quadros da mesma lembrança, um mais amargo e o outro mais doce. Esse, o amargo, foi presente de casamento para os meus pais (12 de maio de 1950, um pouco antes da minha irmã Regina nascer). Lamentavelmente, quando me mudei para a Bahia, deixei-o pendurado na parede da casa da Dona Ivone, mãe da Daisy, minha esposa na época, mas numa pintura geral da casa o quadro simplesmente desapareceu e ninguem soube me dizer o que foi feito dele.

Pauline van der Meer

(depoimento de Leny Hein)
Para que vocês se localizem no quem é quem: Pauline era irmã de Anna van der Meer. Veio para o Brasil junto com as outras irmãs, nunca se casou e nem teve filhos. Era tia de meu pai e minha tia-avó.




Tia Paulina era uma pessoa encantadora dessas que sempre tinha a palavra certa na hora certa, que só tinha bons pensamentos e boas ações. Tive a sorte de tê-la bem presente em minha infância. Ela morava sozinha num apartamento pequeno na rua Bartolomeu Portela, em Botafogo, no Rio de Janeiro, bem perto de Copacabana, onde na época, morava com meus pais.

Ela era terapeuta e suas massagens eram ótimas, pois tinha mãos de anjo. Quando nasci, tive um problema com meu lado esquerdo, que saiu atrofiado. Os médicos diagnosticaram como sendo um princípio de paralisia infantil. Minha mãe me levou a muitos médicos e fiz inúmeros tratamentos para tentar minimizar esse problema, desde choques, regressão com hipnose e não sei mais o que. Como também recomendavam muito exercício, fiz ballet e natação...

[momento esnobe: fiz natação (de graça) na piscina do Copacabana Palace (ao lado de casa), tendo como
professora Maria Lenk campeã brasileira inúmeras vezes e – vejam que importante – atualmente nome de estádio em Jacarepaguá]

Outra coisa que os médicos sempre recomendavam era fazer massagens na perna atrofiada, coisa complicada para nós, pois isso era muito caro. É aí que voltamos à tia Paulina, que era massagista. Quase que diariamente ela vinha em casa e fazia massagens na minha perna. Graças a isso, apesar de ter uma perna um tiquinho menor que a outra e por isso mancar um pouco fiquei bem melhor do que teria ficado.

Tia Paulineta! Ah, como gostava de visitá-la. De sua casa, uma lembrança forte, era a cômoda em seu quarto. No tampo havia um vidro, e por baixo do vidro, dezenas de fotos... Sempre que ela me via olhando as fotos, apontava com o dedo e dizia “esse é fulano, este é beltrano...” e eu, hoje, não consigo lembrar nenhum rosto, nenhum nome, nada! Como eu queria hoje, ter aquelas fotos e o dedo da tia Paulina me explicando tudo de novo... Com certeza iria descobrir muita coisa que estou querendo saber agora...

Tia Paulina era uma pessoa mística. Tinha um Buda e sempre me dizia para passar a mão na barriga dele. Queimava incenso, então sua casa tinha um aroma característico que eu adorava. E era vegetariana. Ela só comia arroz integral e muitos legumes, verduras e frutas... e suflês. Tia Paulina fazia suflê de tudo que é legume ou verdura. O meu preferido era o de chuchu, que faço até hoje, mas não fica igual.

Outra lembrança que tenho dela: brincar de cavalinho. Tia Paulina ficava de quatro para que eu e meus primos Lili e Günther montássemos na garupa dela enquanto trotava pela casa. Podem imaginar uma velhinha assim? Nessa hora ela era nossa “tia Paulineta”, e nós, inclusive ela, gritávamos e riamos muito. E ela sempre de bom humor, esbanjando vitalidade.

E tem mais. Ela era muito “chique”, conforme podem verificar pela foto. Sempre com roupas bonitas e combinadas. E usava batom e deixava eu usar também, e isso eu – uma menininha – adorava fazer!

Mas tenho boas lembranças dela, também nos momentos difíceis. Sempre que meu pai tinha suas crises (meu pai, segundo os médicos, tinha esquizofrenia cerebral) e precisava ser internado nos sanatórios mais horríveis que se possa imaginar (eles eram gratuitos), e íamos visitá-lo, eu ficava muito chocada (para dizer o mínimo). Um monte de doidos dando voltas, alguns davam medo, outros eram engraçados, mas eu via tudo aquilo horrorizada. No meio dessa confusão, aparecia meu pai, e sua fisionomia não me sai da cabeça até hoje. Tinha sempre um olhar desesperado, como se pedisse ajuda... Vez por outra falava pelos cotovelos, mas na maioria das vezes ficava calado, com aquele olhar que não me sai da memória. Tia Paulina sempre nos acompanhava nas visitas e quando saíamos de lá me dava muita força e atenção. Brincava comigo para que eu relaxasse. De verdade acho que, até hoje, ainda não consegui relaxar dessa experiência repetitiva e terrível, mas sem dúvida, naqueles momentos, sua presença era importantíssima para mim e para minha mãe. Maus bocados.

Gente, vocês não tem noção de quanto amei essa velhinha. Gostaria de poder descrever melhor a pessoa que ela era, para que todos os “sobrinhos” que não desfrutaram de sua convivência pudessem saber que tiveram uma tia-avó daquelas que a gente nunca vai esquecer e vai sentir falta para o resto da vida. Foi muito triste quando sua irmã Bethsÿ veio buscá-la para morar na Holanda.



Isso foi em 1969, eu tinha 14 anos. Tia Bethsÿ achava que Pauline deveria passar o resto de sua velhice junto com os familiares. Todos nós choramos muito na sua partida. Nunca mais a vi. Um ano depois ela morreu. Podia muito bem ter ficado aqui, onde tenho certeza era muito feliz e amada.

Na foto temos: Cornélia e seu filho Armandinho, eu no ombro da tia Bethsÿ, Joana atrás de tia Pauline, meu avó e mamãe.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A história de Anna van der Meer – parte VI

Outra foto interessante:
Willyzinho, de marinheiro e segurando o cachorro;
Bubie, sentadinho (esse sapatinho deve ter "herdado" da irmã);
e Winnye, prestando mais atenção ao cachorro que ao fotografo.
Provavelmente 1926.

A história de Anna van der Meer – parte V




Uma típica foto de família:


O elegantíssimo casal Willy e Anna Hein, os filhos Winnye e Willyzinho mais o caçula Bubie ao fundo.


Provavelmente 1927

A história de Anna van der Meer – parte IV

Por volta de 1928 nosso avô Willy recebeu uma proposta de trabalho que achou interessante: ser redator de um jornal alemão na Argentina.
Para assumir esse cargo, ele decidiu que iria junto com a esposa Anna e seu filho Reinhold (ou Reine, pai do Naldo, Ricardo e Rogério) recém nascido, para Buenos Aires. Os outros três filhos, Willyzinho com 7 anos (pai de Leny e Albert), Winnye com 5 anos (mãe de Lili e Gunther) e Bubie com 4 anos (pai de Regina e Ricardo, que sou eu) ficariam aos cuidados de parentes da tia Irene [para que todos se localizem: tia Irene, cunhada de Willy, era esposa de seu irmão Johanes (nosso tio João de Serra Negra].
E assim foi feito: os três filhos maiores ficaram então “distribuídos” em fazendas no interior de São Paulo (Indaiatuba, Salto de Itu e Porto Feliz) e o casal Willy e Anna embarcaram para a Argentina levando consigo o recém nascido Reine.



Mas parece que as coisas não saíram exatamente como planejadas e problemas começaram a surgir. O tal do emprego não era lá essas coisas e Anna, que teve um pós parto complicado, com muita hemorragia, contraiu uma gripe daquelas (uma virose) que a enfraqueceu mais ainda e a deixava em permanente estado febril. Esse quadro de saúde debilitada, somado às dificuldades com o idioma (ela falava holandês e alemão e seu português não devia ser lá essas coisas... mas seu castelhano devia ser bem fraquinho) e naturalmente a saudade e preocupação com os filhos que ficaram no Brasil, acabou por deixá-la psicologicamente perturbada (uma profunda depressão), a ponto de cometer suicídio jogando-se na frente do trem que passava nos fundos da casa onde moravam.
Ao que tudo indica, nossa avó Anna faleceu por volta de 1929.

A foto que ilustra esse post é muito significativa.
Trata-se de um "cartão postal" providenciado (provavelmente) pelos tios João e Irene e enviado ao irmão Willy, não sabemos se ainda na Argentina ou já de volta ao Brasil. A ausência de referências à "mamãe", parece indicar que a mesma já tinha falecido.
Nele vemos, na frente, Bubie e Willyzinho; no verso, uma dedicatória:


"Meu querido papai.
Receba esta lembrança dos teus filhos Bubie e Willisinho.
Estou muito contente e vou indo bem de saude como de estudos
Beijos de teu filho Willisinho"

domingo, 16 de agosto de 2009

A história de Anna van der Meer – parte III



Segundo nossas estimativas, Anna e Willy casaram-se em São Paulo, no ano de 1920, ela com 22 e ele com 26 anos. Tiveram quatro filhos:

- Wilhelm Augusto Hein, o Willyzinho, em 1921;

- Wilhelmina Johana Hein, a Winnie, em 1923;

- Ricardo Paulo Hein, o Bubie, em 1924 e

- Reinhold Arthur Hein, o Reine, em 1928.


Na foto tirada provavelmente em 1924, na Fazenda Cruz Alta em Indaiatuba, interior de São Paulo, vê-se:
- Anna, com a filha Winnie no colo;
- Pascoal Marchini (um amigo da família que morava na mesma pensão que João Hein, irmão de Willy Hein e posteriormente casou-se com uma prima da tia Irene, futura esposa de João Hein);
- Willy Hein;
- Eduardo Stefen (futuramente será pai de Leonardo Stefen, dentista, que ficou amigo de meu pai)
- o menino Willyzinho.

Um detalhe que merece registro: Anna está visivelmente grávida do 3° filho, que será chamado Ricardo, e que será meu pai.



A história de Anna van der Meer – parte II


No verso desta foto, enviada pela Pauline (irmã de Anna van der Meer) para a Winnie (filha de Anna van der Meer) está escrito assim:

"Winnie é sua mãe que está sentada ao piano quando tinha 14 anos. Betsÿ achou essa foto e lembrei-me de lhe mandar para você ter uma idéia dela - tia Pauline".


Temos então uma foto tirada em 1912 na qual se vê Anna e muito provavelmente duas de suas irmãs (não sabemos quais) e a mãe delas.
Pelo piano, pelas roupas e objetos de adorno, nota-se novamente que era uma família de boas condições.

Uma informação histórica: faltavam dois anos para estourar a 1ª guerra mundial (1914 - 1918), certamente o acontecimento que determinou a viagem dessas meninas para o Brasil.

sábado, 15 de agosto de 2009

A história de Anna van der Meer – parte I


Anna van der Meer nasceu em Vlaardingen na Holanda, em 29 de abril de 1898.
Não temos informações sobre seus pais mas pelo que sabemos Anna era integrante de uma família numerosa e teve (pelo menos) quatro irmãos.
· Pauline, que veio para o Rio, não casou nem teve filhos mas morreu na Holanda. A Leny conviveu muito com a "tia Pauline" que na verdade era tia-avó dela.
· Bethsÿ, que viveu sempre na Holanda. Pelo que sabemos teve pelo menos uma filha, de nome Els, e pelo menos um neto, de nome Balthazar. Em 1970 veio ao Rio buscar a irmã Pauline que já estava velhinha e a levou de volta à Holanda. Pretendia cuidar dela mas "tia Pauline" morreu mais ou menos um ano após chegar à Holanda.
· Jacobina, conhecida por "tia Koba", que veio para São Paulo onde se casou e com isso passou a ter outro sobrenome, provavelmente Ribeiro, pois pelo que sabemos ela era mãe do Ovídio Ribeiro, primo de meu pai.
· Cornelis, irmão de Anna, que viveu sempre na Holanda, se casou e teve seis filhos.
Acreditamos que as primas (de meu pai) Joana e Cornélia, que viviam em São Paulo, na Vila Prudente, fossem filhas desse Cornelis. Mas não temos certeza disso. A Joana não conseguimos encaixar em nenhum lugar, mas a Cornélia (que tinha o sobrenome Riechelmann de seu pai) foi casada com Armando (?), um paraguaio que fabricava e tocava harpa.
A foto que ilustra esse post, uma das mais antigas que temos em nosso acervo, pertencia a meu pai Ricardo Paulo, filho de Anna. Ele sempre que via essa foto nos dizia "Essa era a avó de vocês quando pequena". A Leny tem uma igualzinha, que era do pai dela. Na foto vê-se Anna sentadinha na charrete, meio bicudinha - parece que vem daí o estilo "bicudinho" de alguns nessa família - e seu irmão Cornelis. Analisando a foto podemos observar que as crianças estão muito bem vestidas e arrumadas, um indicativo de boa posição social. Reparem que tanto nossa avó Anna como nosso tio-avô Cornelis usavam botas de responsa.