segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A história de Anna van der Meer – parte IV

Por volta de 1928 nosso avô Willy recebeu uma proposta de trabalho que achou interessante: ser redator de um jornal alemão na Argentina.
Para assumir esse cargo, ele decidiu que iria junto com a esposa Anna e seu filho Reinhold (ou Reine, pai do Naldo, Ricardo e Rogério) recém nascido, para Buenos Aires. Os outros três filhos, Willyzinho com 7 anos (pai de Leny e Albert), Winnye com 5 anos (mãe de Lili e Gunther) e Bubie com 4 anos (pai de Regina e Ricardo, que sou eu) ficariam aos cuidados de parentes da tia Irene [para que todos se localizem: tia Irene, cunhada de Willy, era esposa de seu irmão Johanes (nosso tio João de Serra Negra].
E assim foi feito: os três filhos maiores ficaram então “distribuídos” em fazendas no interior de São Paulo (Indaiatuba, Salto de Itu e Porto Feliz) e o casal Willy e Anna embarcaram para a Argentina levando consigo o recém nascido Reine.



Mas parece que as coisas não saíram exatamente como planejadas e problemas começaram a surgir. O tal do emprego não era lá essas coisas e Anna, que teve um pós parto complicado, com muita hemorragia, contraiu uma gripe daquelas (uma virose) que a enfraqueceu mais ainda e a deixava em permanente estado febril. Esse quadro de saúde debilitada, somado às dificuldades com o idioma (ela falava holandês e alemão e seu português não devia ser lá essas coisas... mas seu castelhano devia ser bem fraquinho) e naturalmente a saudade e preocupação com os filhos que ficaram no Brasil, acabou por deixá-la psicologicamente perturbada (uma profunda depressão), a ponto de cometer suicídio jogando-se na frente do trem que passava nos fundos da casa onde moravam.
Ao que tudo indica, nossa avó Anna faleceu por volta de 1929.

A foto que ilustra esse post é muito significativa.
Trata-se de um "cartão postal" providenciado (provavelmente) pelos tios João e Irene e enviado ao irmão Willy, não sabemos se ainda na Argentina ou já de volta ao Brasil. A ausência de referências à "mamãe", parece indicar que a mesma já tinha falecido.
Nele vemos, na frente, Bubie e Willyzinho; no verso, uma dedicatória:


"Meu querido papai.
Receba esta lembrança dos teus filhos Bubie e Willisinho.
Estou muito contente e vou indo bem de saude como de estudos
Beijos de teu filho Willisinho"

4 comentários:

Leny Hein disse...

A primeira vez que ví esta foto foi a uns 2 ou 3 anos atràs, quando fizemos (Ricardo, mamae e eu),uma visita à Hennynha em Serra Negra.
Achei tao bonitinha... Ela me emprestou a foto e mandei fazer cópias, que distribui aos primos Naldo, Rogério e Ricardo. Minha mae também ganhou uma cópia que colocou num porta retrato na sala de seu casa.
Passou um tempo e começamos a coletar informaçoes e fotos para este resgate do que pudermos descobrir da nossa família.
A prima e cunhada Regina nos mandou entao, de novo a mesma fotinho do coraçao, só que desta vez com essa dedicatória atràs, que nao consigo ler sem que me venham lágrimas aos olhos, de pensar em quanto sofreram meu paizinho e seus irmaos, e ainda assim, sempre estiveram unidos, nos passaram bons princípios e batalharam cada um por sua família.
Hoje aqui estamos com as recordaçoes, a saudade e a vontade de passar aos nossos filhos, pelo menos quem eles foram para que possam também ter orgulho de ser um Hein.

Kika Viana disse...

Gente, estive pensando aqui...pode ser que a Anna tenha tido uma depressão pós-parto que, somada ao monte de dificuldades citadas, fez com que ela desistisse de tudo....

Kika Viana disse...

Tadinha....vida sofrida ave..!

observer disse...

Também acho. Muito estranho uma mulher com um filho recém nascido e outros pequenos se jogar em baixo de um trem assim. Ela devia estar com um quadro grave de depressão.

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